segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Oportunidade que da esperança para sonhar

Adolescentes procuram se manter através de um trabalho digno, não querem apelar para a marginalidade



            Há mais de 40 anos existe a Liga de Engraxates Mirins de Londrina, atualmente o escritório e refeitório, onde é servido o almoço, fica na Catedral, no coração da cidade. O trabalho de engraxar os sapatos em sua maioria é para adolescentes que não tiveram outra oportunidade de trabalho. Os clientes são atendidos ali mesmo no calçadão. A Liga de Engraxates Mirins é administrada pela voluntária e coordenadora da Pastoral Social Nair Delapria, que há oito anos começou a atuar nesse projeto. Tudo começou quando uma amiga de Nair e de seu marido convidou-os para serem colaboradores, ela a principio não quis, mas começou achando que iria não fazer muito, com o passar ela foi se apegando e nem pensa em abandonar o projeto. O esposo de Nair mora no Japão atualmente e quer que ela vá morar com ele, “não tenho coragem de deixar meus meninos aqui”, diz Nair. Hoje ela incentiva 30 adolescentes e jovens de 16 até 24 anos de idade. A maior parte deles estuda, sendo esse um dos critérios para que possam aderir à liga, além de fazerem cursos como de informática.

            Esses garotos são vítimas de preconceitos, moram nas periferias da cidade e contam com esse trabalho para comprarem roupas, materiais escolares e inclusive para ajudar no sustento de suas casas. É a maneira honesta que encontraram para comprarem o que precisam, já que não tiveram outra oportunidade.

            Delapria tem cada um deles como filho, pois é por amor que ela trabalha. “Não recebo nada de financeiro em troca, mas saber a importância que esse projeto tem pra eles compensa e paga qualquer esforço”, conta emocionada a coordenadora.

            Existem dois horários de trabalho a parte da manhã pra quem estuda à noite, que é das 8h da manhã até às 12h, e o outro horário é pra que estuda de manhã que sai da aula e vai direto para Catedral, onde é servido o almoço todos os dias, sem que eles precisem pagar. Depois do almoço inicia a outra turma que normalmente fica aproximadamente até às 18h. Nair conta com uma cozinheira para fazer o almoço, pago com dinheiro da Pastoral, a Catedral.

Há rigor nas disciplinas para permanecerem na liga. Tem que comparecer nos ensinos de domingo nas palestras e nos “sermões” da igreja, caso faltem sem motivos sofrem “penalidades”, podem ser suspensos por uma semana. O mesmo acontece quando há intrigas ou brigas entre os meninos, “o que é raro”, diz Nair, mas se for preciso ela está ali também para repreendê-los.

A coordenadora Nair mora no prédio Santa Helena e da janela observa os meninos trabalhando. “Quando vejo as cadeiras sujas, eu mesmo desço com um balde e os ajudo a limpar”, complementa Nair.

Quando o projeto social começou trabalhavam garotos a partir de sete anos de idade, muitos hoje com profissões de diploma e até empresários, hoje só podem ter adolescentes a partir dos 16 anos, mas há um problema esses meninos não são registrados em carteira, pois é um projeto social sem fins lucrativos e não tem como o projeto registra-los. Por esse motivo que a promotoria junto com o Ministério do Trabalho quer retirar esses meninos do calçadão, ou seja, deixa-los sem emprego. Há uma advogada que está trabalhando a favor do projeto e busca mantê-los na Liga. Isso tem preocupado Nair e os engraxates que dependem da oportunidade de trabalho. A coordenadora se revolta e diz, “esses meninos dependem disso, se não fosse esse projeto estariam se marginalizando ou até mesmo roubando”!

É o que confirma o engraxate Marcos Luiz Cardoso da Silva, 17 anos, cursando o ensino fundamental no colégio Evaristo da Veiga e trabalha na Liga há um ano e meio. “Tenho um filho recém nascido e trabalho para ajudar a sustentá-lo, somos quatro irmãos em minha casa e ajudo nas despesas sendo eu o mais velho, como ganho de R$ 15 a R$ 20 por dia ajuda e muito mesmo, aqui é um socorro pra mim”, acrescenta o engraxate.

O advogado Sanchin Yogi, que advoga em Londrina há 30 anos, relata que é muito importante esses adolescentes trabalharem, “quanto mais o homem trabalha mais ele se dignifica, o trabalho não arranca pedaço de ninguém”, diz Yogi.

Welington Silva, 16 anos, ingressou na Liga há um mês e diz estar gostando muito, estuda de manhã e á tarde engraxa, usa o dinheiro para comprar roupas, materiais escolares e ajuda no sustento de sua casa.

Lucas Tadeu de Melo, 16 anos, trabalhou três anos em uma época que a promotoria não os fiscalizava muito, mas com o rigor das leis teve que se ausentar e voltou há pouco tempo e diz que muito importante ele estar na Liga, e que gosta muito, “considero Nair como minha mãe e sei que ela me considera como filho. Vou estudar e trabalhar muito para ser um advogado”, sonha o adolescente.

Um dos engraxates que está a mais tempo na liga é o Cristofer Carlos Silva de Oliveira, 20 anos, e que está na Liga há quatro anos, estuda no Champagnat. Mora com a mãe e mais seis irmãos, ajuda no sustento da casa e se mantém com o dinheiro que ganha. “Se não estivesse aqui trabalhando nem sei o que eu poderia estar fazendo, talvez estivesse no mundo do crime”, imagina Cristofer.

O lavrador aposentado Otávio João Waiti, 74 anos, que trabalha desde os seis anos de idade apóia o trabalho e é cliente há tempo, vem engraxar os sapatos no mínimo duas vezes por mês e ressalta, “estão aprendendo a trabalhar, isso é muito importante para a sociedade, melhor do que estarem zoando por ai”.

A Liga dos Engraxates Mirins vive de doações, tanto de roupas para o bazar beneficente, e até mesmo de alimentos. As doações podem ser oferecidas pelo telefone 3028-4295, entrar em contato com Nair Delapria, que também pode ser encontrada na Catedral no escritório da Pastoral Social.

De engraxate a pequeno empresário

Não é simples assim, mas foi o que aconteceu com Rodrigo Testa, 31 anos, em sua adolescência trabalhou de engraxate ali mesmo no calçadão, “naquela época andávamos com uma caixa de madeira nas costas”, lembra Rodrigo. “Estava parado e queria ter meu próprio dinheiro nem era tanto por necessidade, mas por que queria ser independente. Um amigo de escola trabalhava por necessidade e viu eu reclamando que queria ter meu próprio dinheiro ai então me fez o convite, eu aceitei e ali fiquei por uns 2 anos depois fui fazendo cursos técnicos em elétrica, até que me chamaram para trabalhar em uma loja técnica em consertar TVS, passei por muitos outros empregos até chegar aqui, até trabalhar em sacaria eu trabalhei”.
Rodrigo foi um dos engraxates que teve um dos seus sonhos realizados, o de ter seu próprio negócio. Começou pequeno no quintal de sua casa mesmo só trabalhando na instalação de sons em carros dos amigos e depois que juntou um bom dinheiro alugou um barracão próximo à área central, mas com um adicional, além de instalar som ele vendia caixas seladas de fabricação própria, aparelhos de toca cd, venda de bateria para carros e ainda instalava insulfilmes. Com todo esse trabalho conseguiu bons clientes, passando então a ter seu próprio imóvel, e sua própria loja sem precisar pagar o aluguel.
Claro que tudo foi com muita luta, e o sonho ainda não terminou pretende cada vez mais aumentar os negócios. Rodrigo conta ainda não se envergonha de seu passado, pelo contrário sente-se orgulhoso e feliz de chegar onde chegou. “Eu incentivo o trabalho da Liga dos Engraxates, sei que muitos não tem a oportunidade de conseguirem um emprego melhor, o importante é trabalhar e ir em busca de seus sonhos”, conclui o pequeno empresário.

Tudo pertence a Deus

Tudo o que existe nos céus e na terra é seu, ó Senhor, e seu é este reino. Nós adoramos a Deus porque Ele dirige todas as coisas. Riquezas e honra vem somente do Senhor, e Ele é o governador de toda humanidade; sua mão controla força e poder, e é por sua vontade que os homens se tornam importantes e recebem força. I Crônicas 29:11-12

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Greve dos bancários

Olha só, a greve dos bancários no Paraná já tem adesão de 85%, porém não só em Londrina, mas em toda região existem agências que estão atendendo normalmente, quem precisa pagar contas é só procurar que encontrará uma aberta.

E corram porque eles prometem intensificar em todo o país a greve que iniciou na última terça-feira.

Os banários reivindicam reajuste de 12,8%. Esse percentual representa, destacam, 5% de aumento real mais a inflação do período. Além disso, a categoria quer valorização do piso, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), abertura de contratações, fim da rotatividade, combate ao assédio moral, extinção de metas que consideram abusivas, mais segurança, igualdade de oportunidades e melhoria do atendimento aos clientes.

Os banqueiros e seus representantes oferecem 8%, e se mantém calados sem negociar com a proposta dos bancários, o que tem deixado a categoria, mais insatisfeita e disposta a continuar com a paralisação dos serviços.

Versículo do dia

O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos (Provérbios 1:5)